quinta-feira, 2 de junho de 2011
Para que serve a música?
Pode ser difícil acreditar que uma melodia tenha qualquer utilidade quando você escuta seu vizinho desafinado. Mas acredite: novas teorias afimam que a música mudou o ritmo da evolução humana. Antes de ler esta reportagem, tente lembrar quantas vezes na última semana você ouviu música. Não só as baladas do rádio, mas também as pílulas de sonolência na sala de espera do dentista. Ou o canto de alguém a seu lado no ônibus. É muito provável que você não tenha passado um único de seus últimos dias sem escutar alguns acordes. Às vezes nem nos damos conta, mas a música nos cerca por todos os lados. Há música para dançar, namorar, estudar. Música para enfrentar o trânsito, trabalhar, fazer ginástica e para relaxar no final do dia. M´suica para rezar, curar e momorizar. Para comunicar as emoções que não conseguimos transmitir só por meio de palavras. E música simplesmente para ouvir e curtir. Dos aborígines australianos ao esquimós no Alasca, todas as sociedades do mundo a têm em sua cultura - até poruqe, você pode não saber, mas a música está conosco desde quando ainda nem éramos seres humanos propriamente ditos.Com base no achado de flauts de osso feitas há 53 mil anos pelos neandertais, pesquisadores estimam que a atividade musical deve ter pelo menos 200 mil anos - contra 100 mil anos de vida do Homo sapiens. É bacana imaginar que talvez esses hominídeos já buscassem formas de diversão. Mas, pensando bem, que sentido pode fazer a música em um período no qual nossos ancestrais estavam muito mais preocupados em não ser devorados por um leão do que com o próprio prazer? E mesmo na sociedade contemporânea, se nos cercamos de música com tanto afinco, é de supor que, assim como a fala, ela sirva para alguma coisa, tenha alguma função específica para a humanidade. Mas qual?A pergunta atormenta filósofos e cientistas há séculos e, infelizmente, ainda não tem resposta conclusiva. Já se imaginou, por exemplo, que a música é responsável por reger a harmonia entre os homens e os astros que mantém a ordem do Universo - uma idéia formulada por Pitágoras no século 5 a.C. Hoje, boa parte da pesquisa científica por explicações tem uma perspectiva evolutiva e biológica. Muitos ainda a vêem apenas comoi produto cultural voltado ao prazer, sem nenhuma importância para o desenvolvimento humano. "Uma primorosa iguaira que estimula as nossas outras faculdades mentais", defende o psicólogo Steven Pinker em seu livro Como a Mente Funciona. Apesar de meramente especulativas, teorias evolutivas são as que parecem estar mais próximas de nos responder as perguntas acima. Então, vamos a elas.Inicia MusicalA primeira hipótese sobre a função da música foi levantada por Charles Darwin. O biólogo popularizou o conceito de evolução das espécies dizia que a música é determinante para a escolha de parceiros sexuais, uma vez que as fêmeas seriam atraídas pelos melhores cantores. "O homem que canta bem, é afinado, expõe melhor seus sentimentos. Parece mais sensível, mais inteligente. E isso agrada as mulheres", afirma o jornalista e músico brasileiro Paulo Estêvão Andrade, que está escrevendo um livro sobre pesquisas que relacionam música e cérebro. Isso soa bastante familiar: qual mulher nunca teve uma quedinha pelos músicos - dos modernosos DJs aos ternos tocadores de violão em rodas de amigos? "A música sempre está ligada ao comportamento sexual, desde os rituais de acasalamento, até as conquistas do jovens de hoje em danceteriais ou shows", afirma o neurocientista americano Mark Tramo, que coordena o Instituto para Ciência da Música e do Cérebro, da Universidade Harvard.Muitos cientistas não se convencem de que essa teoria explica, sozinha, toda a importância da músicxa para diferentes sociedades do planeta. Uma das hipóteses mais aceitas hoje é a de que a música teve função primordial na formação e sobrevivência dos grupos e na amenização de conflitos. Se ela existe e persiste, é porque provoca respostas que agem como um forte fator de coesão social. "Precisávamos caçar e nos defender juntos e para isso tivemos de nos organizar. A música abriu o caminho para nos comunicarmos e dividir nossas emoções", explica Mark.Mas como era essa música feita por nossos antepassados? Provavelmente ela surgiu como uma manifestação das emoções. Um sofisticação, por exemplo, do choro e da risada. Principalmente, como uma forma de chamar a atenção do grupo e motivá-lo para a realização de uma atividade que precisava ser feita em conjunto. É possível imaginar que um indivíduo batesse palmas, ou pedras ou gravetos, mas o mais plausível é que o primeiro instrumento musical tenha sido mesmo a voz humana. O cientista cognitivo William Benzon, autor do livro Beethoven's Anvil ("A Bigorna de Beethoven", sem tradução para o português) especula que tudo começou muito tempo antes, com a imitação dos sons de outros animais.
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