CECATO,
J. F., BARTOLHOMEU, L. L., PICCOLI, A. P. B.
Desempenho congnitivo e atividade física em edosos: um estudo correlacional. Anuário
da produção de iniciação científica discente. Jundiaí, v. 13, n. 17, p. 175-188, 2010.
Juliana Francisca Cecato possui
graduação em Biologia pela Universidade São Francisco, graduanda em Psicologia
pela Faculdade Anhanguera de Jundiaí e Mestranda em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Medicina de Jundiaí. Ana Paula Bonilha Piccoli possui graduação em Formação de Psicólogos pela
Pontificia Universidade Católica de campinas (1993) e mestrado em Psicologia
Clinica pela Pontificia Universidade Católica de campinas (2005). Atualmente é coordenadora do curso de psicologia
da Faculdade Anhanguera de Jundiaí e professora da Faculdade Anhanguera de
Campinas. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Clínica,
Organizacional e do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas:
saúde, saúde mental, saúde mental e trabalho, psicossomática, homem
contemporâneo e qualidade de vida. Luana
Luz Bartholomeu é graduanda em Psicologia da Faculdade Anhanguera de
Jundiaí.
As pesquisadoras iniciam o artigo
afirmando que atualmente, cresce o número de pessoas em todo o mundo e, como
consequência, aumenta o número de idosos e doenças relacionadas a esta faixa
etária, como por exemplo, a Doença de Alzheimer (DA). Elas também afirmam que
50 a 70% dos casos de demência são causados pela DA.
A diminuição das capacidades cognitivas
e biológicas são consequências naturais da velhice. São naturais o declínio das
capacidades de atenção, concentração, percepção, memória, acuidade visual, etc.
Porém, as pesquisadoras apontam como indicio de demência quando o processo de
envelhecimento gera deterioração cognitiva e biológica. Embora haja poucos
estudos epidemiológicos sobre doenças neurodegenerativas, já se sabe que a
demência recebe influências de fatores como a escolaridade, a história de vida
e a própria idade avançada.
O objetivo das autoras é compreender os
fatores que diminuem a qualidade de vida dos idosos. Dentre muitos fatores, elas
priorizam a demência e a depressão na velhice, tornando-os objetos centrais do
estudo. As pesquisadoras acreditam que identificar e compreender as condições
que levam ao “envelhecer bem” eleva a qualidade de vida do idoso proporcionando
maior satisfação com a vida o que, segundo elas, é o “viver bem” (p. 177).
As citações feitas pelas pesquisadoras
aos estudos de Rolim et. al. (2004), Fries (1990), Banhato et. al. (2009), Colcombe
et. al. (2003) e Cardoso et. al. (2007) nos subtrai das causas do problema e
nos leva para a sua possível- mas não única- “solução”. Tais citações afirmam
que a prática de exercícios físicos e mentais melhoram vários fatores
psicossociais e cognitivos do idoso. Contudo, afirmam as autoras que há
escassez de artigos relacionados ao tema, fazendo-se importante e necessário a
elaboração de pesquisas sobre envelhecimento correlacionadas a cognição e
atividade física.
Para se chegar ao objetivo proposto, as
pesquisadoras recrutaram 61 idosos, com idade igual ou superior a 60 anos, de
ambos os sexos que frequentavam a Faculdade Anhanguera da 3ª idade no ano de
2010. Especificamente, elas queriam comparar os fatores cognitivos, por meio de
testes de memória desenvolvidos por elas, entre os idosos que praticavam
atividade física e os que não praticavam. A partir daí, seria possível analisar
a qualidade de vida deles por meio do questionário WHOQOL-bref e Escala de
Depressão Geriátrica.
A partir do exposto supracitado, fazem-se
necessárias algumas considerações. Em relação ao termo cognição, explicitado no
título do artigo – “desempenho congnito” - que, aliás, está escrito
erroneamente, e também dito em muitas partes do artigo, está sendo empregado de
forma, no mínimo, incoerente. No que tange ao seu valor semântico, cognição é o
ato de conhecer que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo,
imaginação, pensamento e linguagem. As pesquisadoras embora quisessem avaliar
os fatores cognitivos dos idosos, apenas identificaram cinco fatores; à saber:
memória imediata, memória de evocação, memória de reconhecimento, memória
operacional e memória tardia. Ou seja, apenas a memória - uma entre muitas
faculdades que compõe a cognição - foi avaliada. Portanto, o nome correto para
o artigo deveria ser: Memória e atividade física em idosos: um estudo
correlacional.
É importante salientar também, que no
teste desenvolvido pelas pesquisadoras havia intrinsecamente outras funções
cognitivas em questão: a atenção e a concentração. Porém estas funções não
foram analisadas pelas autoras. Tais funções são pilares fundamentais para a
aquisição da memória, afinal, só percebemos aquilo que atentamos e só
memorizamos aquilo percebemos. Por isso, faz-se necessário, sempre em paralelo
ao estudo e avaliação da memória, apreensões em relação à concentração e atenção.
As pesquisadoras tentaram avaliar as
respostas mnemônicas aos estímulos dados. Porém tal teste só analisou a memória
de curto e médio prazo, a também designada, memória de trabalho. Contudo, a
memória é um constructo cognitivo com uma complexa estrutura cerebral e
psicológica. A neurologia clássica e a psicologia cognitiva demonstram que ela
vai muito além do que os fatores avaliados pelas pesquisadoras. Eles afirmam
que a memória pode ser estruturada e subdivida em várias partes atuantes entre si:
as memórias explícitas (episódica e semântica) e memórias implícitas (memórias
automáticas).
Levando em consideração estes fatores,
podemos constatar que, assim como ocorreu incoerência no uso do termo função
cognitiva, vemos também o mesmo desacerto em relação à memória. Não se avalia
pela metade, a não ser que se queira avaliar uma parte específica do objeto de
estudo. Uma avaliação científica sempre deve ser feita com precisão e rigor
para que haja coerência e exatidão nas informações.
O resultado esperado pelas pesquisadoras
era evidenciar o que grande parte da literatura gerontológica já mostrou; que
as contingências que levam o idoso a participar de atividades desafiadoras,
cursos, esportes, dentre outros estão relacionados à manutenção das capacidades
cognitivas.
Especificamente, elas queriam avaliar a
importância da atividade física na velhice como aspecto favorável à preservação
da cognição e sintomas depressivos. Pelo fato de terem usado um grupo de idosos
ativos, ou seja, que desempenham algum tipo de atividade física ou mental, as
autoras salientam a necessidade de avaliar grupos que não levam uma vida ativa. Mencionam por fim, a importância das
Faculdades da 3ª idade para a promoção da qualidade de vida e manutenção dos
aspectos cognitivos.
Concluindo, podemos caracterizar
positivamente a intenção e os objetivos propostos. De fato, muito tem o que
investigar no que tange à correlação entre desempenho cognitivo e atividade
física em idosos e esta pesquisa, com certeza, poderá colaborar para que outras
pesquisas possam surgir. Negativamente considero a falta de rigor aplicada à
pesquisa. Tal negligência compromete toda a veracidade das informações colhidas
tornando-as assim, talvez, pouco útil como referencial bibliográfico às futuras
pesquisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTEM!